estes americanos são loucos

Há algumas coisas estranhas aqui, para além daquelas de que já fomos falando. Alguns exemplos: o consultório de pediatria do Gugas é num centro comercial. As chamadas telefónicas recebidas também se pagam. As caixas de supermercado servem de ATM. E podia continuar. Mas o que me faz mais confusão - e acho que ajuda muito a explicar a cultura deste país - é que a gasolina seja mais barata do que a água. Neste momento, a gasolina custa cerca de 20 cêntimos (EUR) por litro. É claro que isso é muito giro e dá-nos vontade de mandar garrafinhas para Portugal disfarçadas de Ice Tea. Mas é também isso que explica que o automóvel seja um apêndice inseparável de qualquer cidadão com mais de 16 anos. Não se faz nada que não implique andar de carro. E isso não resulta só na maior epidemia do país (obesidade) mas numa completa ilusão de que os combustíveis fósseis são infinitos. Hello?! Não são. E, no entanto, ninguém faz muito acerca do assunto. É mesmo muito estranho.

regata de Outono

Esta é uma família de remadores - desde a minha tia-bisavó até ao Gugas e ao Diogo, que hão de ganhar a primeira medalha olímpica na modalidade para Portugal. Foi, por isso, com muita satisfação que passámos a manhã de ontem a assistir à prova de 3 milhas, realizada aqui em Princeton. Não foi possível medir a quantidade de barcos e de participantes, mas digamos que nunca vimos nada assim em Portugal, nem nos campeonatos nacionais. As condições aqui são fabulosas e é tocante sentir como este desporto tem tanta visibilidade nesta zona, enquanto no nosso país passa quase despercebido. É que há qualquer coisa linda no remo que só quem experienta pode compreender: o silêncio, a comunhão com a natureza, o esforço humano puro traduzido em velocidade e distância. Quando remamos, somos uma lâmina a cortar a superfície da água, esquecemo-nos de nós próprios, somos um só com a nossa tripulação. Que saudades...

a nossa nova (?) vizinha

Finalmente chegaram as nossas coisas, vindas de contentor de Portugal! O Gugas está muito contente porque tem o quarto a abarrotar de brinquedos e eu também gosto muito de olhar para a minha Bimby e pensar que, quando tiver um transformador, vou poder fazer belas sopinhas sem espalhar espinafres pela cozinha toda.
Entretanto, e como esta região parece um episódio diferente do BBC Vida Selvagem a cada dia, vejam só o que está, neste momento, na rampa de acesso à minha casa...

Sim, é uma cobrinha :)

a primeira ida a Nova Iorque

Ontem desafiámos o frio e a chuva e fomos até NY ter com o Rui e a Inês, que estão cá de férias. Apesar de cansativo, foi um dia muito bem passado. O Gugas andou de combóio pela primeira vez e ficou muito entusiasmado com os prédios altos, com tantas ambulâncias, escavadoras, confusão e até a maior loja de brinquedos do mundo. Almoçámos num restaurante típico americano, onde os empregados largam tudo de repente para começar a cantar e a dançar. À tarde, ainda demos um saltinho ao MoMA e lá voltámos depois para casa. Para a próxima, quando o tempo estiver melhor, temos de subir ao Empire State Building e passear em Central Park. Fiquem com algumas fotografias :)

e agora já com ligação à internet...

Acabou-se o isolamento do mundo. Para mim, a vida nos EUA começa agora. Hoje, o supermercado, amanhã NY, depois de amanhã a Califórnia. Ao volante da nossa bomba americana e com ligação wireless, não há quem nos pare. Se tivermos muita sorte, o carro até nem avaria antes de ir à inspecção, nem nada. Só é pena estar a chover e estarem 5º C, senão ia já em reportagem fotográfica pela Nova Jérsia fora. Bom fim-de-semana a todos :)

E agora já com carro...

Tem 4 rodas, um volante, um motor (que funciona), e até tem ar quente, ar condicionado. É de 2003 e tem (só) 82500 milhas (acreditem que é pouco). É um ford taurus ses, com um motor 3.0 L. Deste lado do mar um motor de 3 L é considerado "normal". Os carros fraquinhos têm motores de, no mínimo 2 L.
Agora vamos ver é quanto custa mandar arranjar o que quer que seja preciso para ficar a funcionar bem; por agora serve para o efeito: viagens curtas ao supermercado, ao centro de princeton, etc...

Já com SSN, ainda sem carro

Para quem não sabe, nos EU para se conseguir fazer alguma coisa, é preciso ter um cartão da segurança social, com um número. Este finalmente chegou na sexta feira passada. É que por incrivel que pareça, não se consegue fazer mesmo nada sem este numero: não se consegue comprar um carro, não se consegue tirar a carta de condução, nada. Eles utilização este numero como um número de identificação pessoal, para verificar se somos bons pagadores, para tudo e mais alguma coisa... Até para comprar um iphone é preciso um ssn (social security number).
Este já está... Agora falta conseguir comprar o carro, para termos alguma mobilidade! Não está facil! Porque para comprar um carro é preciso primeiro alugar um carro, para andar a ver os carros que queremos comprar! E depois, há tanta procura e tanta oferta, que se não decidirmos logo que queremos comprar (e pagamos na hora pelo menos um depósito), ficamos sem ele... Está dificil!

notícias dos rapazes

Ainda são 3 da tarde e já estou com a língua de fora porque hoje foi dia de alugar carro e tratar do máximo de coisas. A ajuda divina manifestou-se na forma de duas grandes senhoras (em todos os sentidos do termo) que provaram o que os EUA têm de melhor: estamos todos no mesmo barco e um sorriso não custa nada a ninguém. Uma, caixa de supermercado, que me ajudou a tratar das montanhas de compras que fui fazer; outra, uma polícia que teve a simpatia de me mostrar (de carro-patrulha) o caminho até à Segurança Social, em Trenton - a capital da Nova Jérsia, uma cidade industrial e bastante pouco amigável.
Para além destes dois anjos que me surgiram no caminho, tenho sempre comigo os meus anjinhos Gugas e Diogo, que se portam como verdadeiros campeões. O Diogo, 23 semanas de barriga e muitos pontapés a toda a hora, lembra-me de como é especial gerar uma vida mesmo no meio de todo este bulício. O Gugas, 31 meses de brincadeira e descobertas, que já sabe despir-se e pôr a mesa sozinho, conversa todo o santo dia, e é capaz de ficar tempos infinitos a brincar com as máquinas das obras ou a colorir com lápis de cera. A vida aqui nem sempre é fácil, mas está cheia de coisas boas.

a festa da peúga

A maioria das pessoas acha que os físicos são pessoas um bocadinho... extravagantes... com um aspecto... alternativo e comportamentos... heterodoxos. A sério que já conheci uns quantos (em Portugal) que não são assim. Mas ontem, na primeira festa a que fomos, parece que acertei no jackpot. Começamos por chegar a uma enorme mansão no meio dos bosques (bom, aqui é tudo no meio dos bosques) e, à entrada, há um engarrafamento de sapatos. É que toda a gente estava descalça. Graças aos céus nenhum de nós estava de peúga rota, coisa não rara no nosso agregado familiar. Durante os primeiros 10 minutos, não consegui concentrar-me ao ver tanta peúga branca à minha volta, tanto pé desnudado suplicando por uma pedicura. Quando consegui, o fascínio: estão a ver aquelas personagens com coletes retirados dos reposteiros das bisavós? Estão a imaginar aqueles óculos a gritar Houston, we have a problem..., aquela calça com cintura pelas maminhas? Foi muito difícil manter a compustura perante a camisa florida do recentemente agraciado cientista-do-ano mas, quando pus a vista sobre a réplica perfeita do Unabomber, tive de refugiar-me rapidamente junto dos bolos. Afinal, eles são a fina flor da física mundial e eu sou só alguém que acabou de aterrar neste planeta.

gugas, o construtor

Passei a gravidez do Gugas a montar móveis do IKEA. Não é, pois, de espantar que ele ache que martelos, chaves, parafusos e porcas são a coisa mais divertida que há. Felizmente, ainda não houve dia em que não tivessemos alguma coisa para construir. E, quando ele faz alguma fita ou não quer ir dormir a sesta, a melhor maneira de resolver o problema é "porta-te bem, senão não vamos montar as gavetas". O mais engraçado (ou não) é que qualquer coisita que demorasse 15 minutos a transformar numa nova peça de mobiliário, com a "ajuda" dele, acaba por demorar uma boa meia hora. Assim se passam os nossos dias de bricolage.

preciso de um carro

Alguém pode ter a bondade de deixar um à minha porta? É que isto de uma família ter como único veículo uma bicicleta, nos EUA, é muito complicado! Também se aceita carrinhos de golf, triciclos com reboque, qualquer coisa que me permita atravessar a floresta para chegar aos sítios. Obrigadadeus.

e cá estamos nós

A viagem correu muito bem. No espaço de 2 dias, dentro do município de Princeton, vimos logo uma marmota, um veado, bandos de gansos e vários esquilos. Agora é altura de lidar com as dificuldades próprias do início mas estou feliz porque isto é muito mais bonito do que eu imaginava. E tenho uma casinha jeitosa. Agora não tenho tempo para muito mais porque estou a usar a rede de não sei bem quem. Agradeço o jeitinho.

A minha familia vem ai!

:)

lá vamos nós

Malas (quase) prontas. Despedidas (quase) feitas. É amanhã que Portugal se despede de nós os três e os EUA - e o Luís - nos recebem. Até já, não se esqueçam de nos ir visitar :)